Discurso do Presidente dos Bombeiros de Vizela na passagem do 132º aniversário da Real Associação

Pela importância das suas palavras, o ddV publica na íntegra o discurso do Dr. António Manuel Pacheco, Presidente da Direcção da Real Associação na festa que teve lugar no domingo no quartel.



Minhas senhoras e meus senhores
Permitam-me antes de mais dirigir uma palavra amiga e solidária ao Adjunto de Comando Adão Carvalho, hoje empossado, para lhe desejar as maiores felicidades, nomeadamente no desempenho do cargo.

A todos muito obrigado pela V/presença na celebração de mais um aniversário.
8 de Maio de 1877, 8 de Maio de 2009, perfaz 132 anos de vida.
Idade que não está ao alcance de qualquer instituição.
De facto a Real Associação Humanitário dos Bombeiros Voluntários de Vizela é a mais antiga de Vizela e a 4ª mais antiga associação de bombeiros do distrito de Braga.

Significa isto muito trabalho passado, que quero aqui enaltecer, prestando homenagem a todos os homens que passaram pelos Corpos Sociais e pelo Corpo de Bombeiro, ou que de qualquer outra forma deram o seu contributo para o desenvolvimento desta casa.

No que concerne ao presente, cumpre-me agradecer a dedicação e trabalho por parte do Comandante Rogério Caldas e de todo o Corpo Activo, ao serviço dos vizelenses.
Aos meus colegas de Direcção, aos membros do Conselho Fiscal e aos membros da Assembleia-Geral gostaria de publicamente endereçar a minha mais profunda gratidão por me terem proporcionado, com a sua lealdade e competência, mais um mandato, que reputo de muito positivo.
Positivo mas nem por isso isento de angústias e desolações perante alguns comportamentos de agentes do sector:

- Efectivamente lográmos admitir novos elementos para o Corpo Activo e potenciar a formação técnica possível.
A Direcção, que sempre apostou no capital humano como determinante para o sucesso do projecto, continua confrontada com a incapacidade da Escola Nacional de Bombeiros em cobrir as necessidades de formação, não obstante as exigências legais.

- O enquadramento legal da formação insere-se, aliás, numa revolução legislativa que, para além do aprisionamento politico das Associações, pouco tem acrescentado operacionalmente.

- Ao nível dos investimentos, concluímos as obras de “grosso”, no Edifício da Rua Dr. Abílio Torres, na freguesia de S. João no valor de 97.125,00 Euros.
Este montante foi, na íntegra, subsidiado pela Câmara Municipal de Vizela.
Neste momento, temos a concurso os projectos de acabamentos para finalizar a obra.

Por fim, relevo a conclusão das obras de ampliação do quartel, que se cifraram em 456.621,32 Euros.
Relativamente a este investimento, quero referir o seguinte:
- Na tentativa da candidatura do projecto da ampliação do nosso quartel ao QREN e depois de percorrermos uma “via sacra” complicadíssima de cerca de seis meses entre o Governo Civil de Braga e a ANPC, solicitámos o “Parecer da Comissão Mista” no âmbito do nº8 da Portaria nº. 1562/2007.

Em 25/06/08 a referida comissão, constituída pelo Director Nacional de Bombeiros, pelo Presidente da Liga de Bombeiros Portugueses e pelo Arq. Vaz Pato da ANPC emite parecer desfavorável, alegando que a sala de enfermagem, gabinete médico e salas de formação, para além de outras – e cito- “são soluções genericamente incorrectas na perspectiva operacional”. Além disso diz que “ O edifício a que se refere o projecto possui de raiz uma área bruta superior a 3.000 m2, que por si já excede os 1.665 m2 estipulados como área bruta máxima para a estrutura 4”.

Refere ainda que “ A estimativa orçamental apresentada (441.270,30 Euros) face à quantidade de obra prevista parece-nos subestimada”.
Gostaria de lembrar que a ampliação do n/quartel é um investimento privado e portanto sem as derrapagens próprias das obras públicas.
Depois, quer parecer-me que as referidas individualidades não conhecem muitos quartéis neste país e as respectivas áreas, nomeadamente na zona de Lisboa.

Como quer que seja e para evitar o recurso à ilação fácil e precipitada sobre a decisão, sugerimos à ANPC e à Liga que publicitem nos respectivos “sites” todas as candidaturas (projectos e orçamentos), bem como os pareceres emitidos pela Comissão e, já agora, os projectos apoiados pelo Governo no âmbito do QREN, ou fora dele.
Concluindo, como o IVA do referido investimento não é dedutível, a Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vizela, invertidos os papeis, passou a financiadora do Estado.

Meus senhores, não sou homem de me calar face à discricionariedade e já agora, aproveitava a circunstância para sugerir ao governo que, a par do “SIMPLEX”, implemente na administração pública também o “TRANSPAREX”.

Em todo o caso solicitamos ao Sr. Presidente da CMV, que nos habilite rapidamente com o subsídio ao investimento prometido, no sentido de cumprirmos os nossos compromissos.

Como último motivo de desolação e ao olhar em volta, constato com alguma tristeza não termos ainda conseguido reunir toda a família dos Bombeiros, principalmente nestes dias.
Seria importante e saudável ver toda a gente (ex-membros dos órgãos sociais; Associados Beneméritos e Honorários e membros do Quadro de Honra) partilhar destes momentos festivos, irmanados neste grande desígnio de serviço à comunidade, relevando-lhes a Real Associação, perante a comunidade vizelense, a dignidade e importância que de facto têm no seu seio.
Este objectivo permanece, contudo, como um ponto de honra desta Direcção que, tal como as demais metas, conseguiremos certamente atingir

Termino agradecendo:
à Câmara Municipal de Vizela;
ao Governo Civil de Braga;
aos Associados Beneméritos e Honorários;
aos ilustres amigos e convidados presentes;
aos Srs. Industriais e Comerciantes;
ao Povo de Vizela;
e ao Corpo Activo pelo esforço e trabalho feito e pela dinâmica de desenvolvimento que tem adoptado.


Bem hajam e muito obrigado a todos
António Manuel Pinto Ferreira Pacheco

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