Notícias do jornal O Jogo lança algumas esperanças nas hostes axadrezadas, mas outros jornais dão conta que de qualquer forma o Boavista não tem condições financeiras para se inscrever nos campeonatos da Liga na próxima época.
(NOTÍCIA JORNAL O JOGO)
Um golo traiu a SAD das fintas
MÓNICA SANTOS
O mais incrível, no absurdo que são os dias do Boavista, é que, no final, tudo se tenha decidido apenas por um golo. A equipa tem salários em atraso, a SAD colecciona pedidos de insolvência, está impedida pela Federação e pela Liga de registar novos contratos e, com o clube, acumula um passivo que ronda os 90 milhões de euros.
E, no entanto, completou o campeonato da Liga Vitalis e só foi derrotada, na última jornada, pela diferença de um golo, favorável à Oliveirense - que, tal como o Boavista no tempo de Valentim Loureiro, é o clube do presidente da Liga. Não fora esse golo que faltou, e os axadrezados poderiam na próxima época voltar a cruzar-se com um dos seus inimigos de estimação: o Belenenses, com quem discutem o estatuto de quarto grande clube português, caiu na Vitalis, mas só uma eventual decisão administrativa colocaria, no mesmo escalão, os únicos emblemas que se conseguiram impor à ditadura de Benfica, FC Porto e Sporting na conquista de títulos nacionais.
A esperança mora na decisão de um processo relativo ao Apito Final que poderá custar a despromoção ao Vizela, abrindo uma vaga que seria dos axadrezados, desde que estes conseguissem reunir condições financeiras para se candidatarem à competição.
O facto de quase todo o plantel estar em fim de contrato e em condições de rescindir unilateralmente e as dívidas ao Estado, enfim, os mesmos problemas que desde há vários anos tornam a gestão da SAD num exercício de malabarismo contínuo, juntam-se para devolver o tom sombrio ao futuro. O Boavista continua sem solução, apenas com muitos problemas para resolver e sem que alguém responda pelo abismo financeiro para o qual foi precipitado um clube outrora tido como exemplo de solidez financeira.
Essa imagem entrou em colapso com a gestão de João Loureiro, que durou uma década e terminou poucos meses antes da despromoção à Liga Vitalis, por coacção sobre equipas de arbitragem, na sequência do processo Apito Final, no final da época passada.
Um ano e meio e dois presidentes depois - Joaquim Teixeira sucedeu a Loureiro, e Álvaro Braga Júnior é quem responde actualmente por clube e SAD -, o Boavista cai na II Divisão Nacional, onde as receitas são ainda mais diminutas e desencorajadoras para potenciais investidores. Depois do desaparecimento do Salgueiros das provas profissionais, o caos financeiro continua a minar os principais clubes do Porto, onde só o que tem o nome da cidade resiste, vencedor e cada vez mais forte.
A SAD reúne-se em assembleia geral, a 29 de Junho, para discutir as contas e o futuro. A insolvência é uma hipótese - a pior para os muitos credores do Boavista.
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(NOTÍCIA JN)
Extinção da Boavista SAD é hipótese
2009-05-26
MANUEL LUÍS MENDES
O Boavista, com a descida à 2ª Divisão, um campeonato não profissional, está numa encruzilhada. A extinção da SAD e consequentes benefícios, a nível financeiro, é uma hipótese que está a avançar.
Depois da queda - em dois anos consecutivos desceu da liga principal ao terceiro escalão do futebol português -, o clube do Bessa coloca os pés na terra e repensa o futuro.
O dia de ontem já foi de alguma reflexão (o presidente Álvaro Braga Junior desligou, mesmo, o seu telemóvel) de modo a alinhavar-se as estratégias mais adequadas aos destinos do Boavista.
Para já, a admnistração da SAD está a preparar a reunião, depois de amanhã, com os directores do clube, accionista da SAD, para se traçar um rumo e debater, posteriormente, a situação com os sócios.
A grande dúvida reside na possibilidade da SAD ser extinta, ou de ser considerada insolvente, uma decisão que terá de ser avalizada pelos sócios, em assembleia geral.
Os defensores desta tese são realistas, argumentando que, com a drástica diminuição das receitas (o clube tê-las-ia mais do que a SAD, por força da quotização dos associados) e a manutenção das despesas de uma máquina montada para uma liga maior, a situação financeira se vai tornar insustentável. Com o fim da SAD, que não tem património, caíam as dívidas e o clube começaria do zero, ou seja, teria de disputar os distritais, tal como aconteceu com o seu conterrâneo Salgueiros.
Por outro lado, se a SAD desaparecer desconhece-se que entidade ficaria com a incumbência de representar o clube, caso, por exemplo, os tribunais dessem razão aos seus processos contra a F. P. Futebol e Liga e tivesse o direito a receber avultadas indemnizações.
Para já, o rombo financeiro é de tal ordem que, mesmo que o clube se mantivesse, administrativamente, na "Honra", pela despromoção do Vizela, com as novas regras seria difícil a sua inscrição, porquanto agora o Plano Extrajudicial de Conciliação (PEC) só é admitido pela Liga se ele tiver o aval do IAPMEI, o que não sucede, até ao momento, com o do Boavista.
Entre os sócios, há alguma expectativa em relação ao posicionamento dos actuais administradores. A Associação de Amigos, que já foi recebida pela governadora civil do Porto, vai reunir o seu Conselho Geral na sexta-feira, para tomar uma posição sabendo-se que, no momento, os seus membros estão divididos.
Neste contexto, o futuro do Boavista é indefinido. Para já, a SAD vai conversar, a partir de hoje, com a minoria de jogadores que não terminam já o contrato e que vão deixar de ser profissionais».