Desportivo de Guimarães revela saída do técnico que não conseguiu tirar o Moreirense da IIB, bastanto nesta altura dois pontos ao Chaves para arrumar a segunda fase. Treinador fala na «montagem duma cabala contra si» e acrescenta que o Moreirense «está um barril de pólvora».
(Notícia da autoria de Abel Sousa e Bruno Freitas do Desportivo de Guimarães)
“Montaram uma cabala”
A decisão já está tomada. Nicolau Vaqueiro não vai continuar no Moreirense
na próxima temporada. O próprio técnico comunicou a decisão aos seus jogadores,
na passada quinta-feira. Vaqueiro assumiu um compromisso de duas temporadas
com o presidente Vítor Magalhães, mas o técnico, por sua exclusiva iniciativa,
não pretende cumprir o segundo ano desse contrato.
Afastado da luta pela subida de divisão, o Moreirense já começa a pensar na próxima
temporada e o objectivo passaria por uma aposta mais forte pelo ingresso na
Liga de Honra, mas Nicolau Vaqueiro não vai abraçar essa aposta, depois de uma
época altamente desgastante para si.
No domingo, ao explicar as razões da saída, o treinador do Moreirense não escondeu algum desânimo.
“Não estou agarrado a um contrato nem ao dinheiro, mas sim ao trabalho digno.
Tomei esta decisão porque quiseram pôr-nos o ónus da actual situação do Moreirense,
quiseram passar a ideia que a equipa técnica é a principal responsável. Há
dois factos que comprovam isso. Logo no início da temporada
fomos apelidados de malcriados e disseram que tratamos os jogadores
abaixo de cão, o que é uma pura mentira. Montaram uma cabala, não sei quem
foi, nem estou preocupado com isso, embora saiba que
essa situação saiu de dentro do balneário. Depois, surgiu aquilo que aconteceu
no treino após o jogo com o Chaves (n.d.r.: um adepto confrontou Vaqueiro
em pleno relvado). Foi uma situação montada, os indícios disso são fortes, mas
não me atemorizou, porque estou habituado à pressão, seja exercida por quem for.
Felizmente sou uma pessoa que treina quando gosta e por isso tomei esta decisão,
que também é em defesa do Moreirense. Isto está um barril de pólvora muito
grande e o clube só terá a beneficiar com a minha saída.
Mais tarde irei explicar melhor esta situação. Com esta opção libertei mais o
Presidente, o dinheiro não faz falta, não estou agarrado a contratos. Vou deixar
cá amizades, mas tenho de dizer que é um projecto furado”.
Vaqueiro não se alongou muito mais em explicações. O DESPORTIVO quis saber
quem está na origem da desestabilização que o treinador invoca, mas a pergunta
não teve uma resposta completa. “Não sei, nem estou preocupado em tentar
saber. Os indícios são bastante fortes. O Moreirense vai tirar dividendos da minha
saída, porque o clube fica mais arejado. Este foi um passo necessário. Pensei
bem no que ia fazer. O Presidente não queria a minha saída, mas não me
senti bem em determinados momentos.”
Colocada de lado está a possibilidade de deixar já Moreira de Cónegos. “Porque
razão o havia de fazer? Não apresentei a demissão para sair já. O barco não
está sem comandante, essa é uma leitura errada. Seria deselegante tomar uma atitude
dessas, não é a minha forma de estar”.
Quando deixar o Moreirense,dentro de três semanas, mais dia, menos dia, o
técnico entende que terá a “missão cumprida. Nunca dissemos que íamos subir
no primeiro ano. O primeiro objectivo era formar uma equipa forte e apostarmos
mais no segundo. Ninguém me ouviu dizer isso e o Presidente também nunca o
assumiu. O clube tem agora mais tempo para preparar o futuro e decidir quem vem
para cá.”.
Apesar de ter apontado, uma vez mais, o dedo aos
jogadores, Nicolau Vaqueiro entende que continua
a contar com o seu apoio. “Acho que os jogadores
estão do meu lado”. “Este plantel não tem estofo para
tentar assumir uma candidatura.
Teria de se fazer um reajuste elevado e isso levaria o seu tempo. Admito
que há quem goste de mim e outros não. Felizmente quase todos eles têm jogado,
uns têm correspondido e outros não”, acrescentou, a finalizar».