Perante uma sala cheia de pessoas atentas e curiosas a deputada ao Parlamento Europeu Ilda Figueiredo falou sobre a crise financeira e seus reflexos nas empresas e nas famílias, na perspectiva do Partido Comunista Português.
Recuando até ao acordo de Bretton Woods historiou o processo de financeirização da vida económica com o afastamento crescente desta relativamente à criação de riqueza, processo esse liderado pelos EUA.
Alertando para o facto de ser hoje difícil de calcular a dimensão da crise financeira, referiu que os 20 mil milhões de euros de garantia disponibilizados pelo governo do PS representam 11% do PIB, o que revela o tamanho do buraco onde fomos metidos pela política neoliberal executada pelos governos do PS e do PSD/CDS.
E se as consequências não são tão funestas em Portugal e em boa parte da Europa como estão a ser nos EUA é porque temos dois pilares que resistem nas mãos do Estado, um na banca, a CGD, sendo o outro o serviço nacional de saúde. E se não estamos ainda melhores é porque o governo não usa convenientemente as armas de que dispõe, de que é exemplo flagrante a Galp. Não se percebe, disse ela, como o preço do barril de petróleo cai para níveis dos 90 dólares por barril e os portugueses continuem a pagar os combustíveis como quando ele estava acima dos 100 dólares.
Ilda Figueiredo chamou a atenção para o facto de muitas das dificuldades da economia portuguesa serem anteriores ao deflagrar da crise financeira externa e que não só vão persistir para além dela como se vão agravar. Sobre as medidas do governo chamou a atenção para o facto de na prática só produzirem efeitos em 2010, tanto nas famílias como nas empresas, quando umas e outras precisam é de respostas para hoje.
Por isso, afirmou, as falências e o desemprego vão disparar e o governo PS lava as mãos como Pilatos. A não ser que se faça uma ruptura completa com as opções políticas em curso, que se inverta a marcha e se dinamize o mercado interno, com a valorização da produção nacional, abandonado a crescente dependência do exterior. A França, a Alemanha, a Inglaterra e a Espanha concentram 70% das nossas exportações e estão em crise profunda e duradoura, razão para comprarem menos, o que provoca efeitos induzidos nas empresas portuguesas.
Porém, nem o PS nem o PSD/CDS estão dispostos a mudar de política. A não ser que sejam obrigados pela evidência do descontentamento popular e pelo voto.
Guimarães, 14 de Outubro de 2008
A Comissão Concelhia de Guimarães do
Partido Comunista Português