JOSÉ ANTUNES - O adversário dos quartos-de-final, o Sporting, é uma equipa forte que este ano já nos ganhou na final da Taça de Portugal, mas a verdade é que a Fundação Jorge Antunes está hoje mais forte. As imagens das meias-finais da época passada contra este mesmo adversário, quando nos foi escamoteada a possibilidade de jogarmos a final fruto de uma arbitragem vergonhosa, ainda estão bem presentes, por isso, para bem do futsal apenas peço arbitragens isentas.
ddV - Depois de um início da época com resultados menos positivos, a Fundação recuperou na classificação e terminou em quarto lugar a primeira fase. Que balanço faz da fase regular?
JA - Tínhamos valores para termos alcançado uma melhor classificação, por isso, o balanço na fase regular é negativo. Como a época ainda não acabou não quero de maneira alguma precipitar a minha opinião, mas podíamos estar a fazer mais e melhor. Vamos aguardar pelo final.
ddV - Terminada a fase regular, a Fundação vai defrontar o Sporting no «Play off». Depois dos acontecimentos da época passada, qual é a sua expectativa em relação a esta eliminatória?
JA - Este ano jogamos três vezes com o Sporting em jogos oficiais, perdemos um e empatamos dois jogos. Nesta fase decisiva, a única coisa que esperamos é que haja o mesmo roubo do ano passado e que tudo isto fique abafado, porque este ano que será diferente.
ddV - Diferente como?
JA - O Sporting não precisa de favores de alguns habilidosos que andam no futsal. Por exemplo, esta época, em Loures, o empate foi um resultado justo, mas vimos muita habilidade de um árbitro que gosta de «show off». Depois, na final da Taça de Portugal, em que perdemos muito bem e o Sporting foi um justo vencedor, tivemos o tal habilidoso a não marcar uma falta contra eles, numa fase crucial e curiosamente num lance que acabou por resultar no 3-1 para o Sporting. De qualquer maneira, estes árbitros sabem como fazer as coisas para não dar nas vistas a quem nada percebe de futsal. A única que peço é que nesta eliminatória os responsáveis estejam atentos e presentes.
ddV - Depois de ter tecido duras críticas ao Conselho de Arbitragem já no decorrer desta época, a Fundação não voltou a referir-se desde então a este tema. O clube está mais tranquilo em relação ao trabalho dos árbitros?
JA - Deveria haver um critério mais rigoroso na nomeação dos árbitros para os jogos. Por exemplo, em relação ao que aconteceu no ano passado, e as habilidades que eu disse que temos visto noutros jogos, não culpo a Conselho de Arbitragem pela actuação dos árbitros, no entanto, deviam ter outro cuidado nas nomeações. Isso é intocável. Há quem erre por falta de formação, por ser demasiado limitado. Para o bem do futsal devem ter cuidado quando um jogo dá na TV, porque em certos jogos a imagem do futsal fica pior ainda.
ddV - Disse também numa entrevista que estava desiludido com o futsal português. Porquê?
JA - Há muitas coisas que estão acabar com o futsal e já disse várias vezes que temos oportunidade de aprender com o nosso vizinho (Espanha) mas não há meio de o fazer. Não é por organizar bem os torneios que estamos bem.
ddV - Está a referir-se a quê?
JA - Neste momento, podemos ver a atitude que a SIC esta a ter ao mandar o futsal para a SIC RADICAL. Ninguém está a dormir e vêem tudo que tem acontecido nos jogos. Se houver as mudanças da TV que estão previstas, acredito que o futsal vai ser pior que o futebol de salão. A FPF se quer que o futsal seja uma grande modalidade também tem que fazer por isso. Não podem ver só futebol. Vejam a evolução do andebol. Ainda ontem o nosso secretário geral recebeu uma chamada da SIC, se aceitávamos jogar em casa com o Sporting na sexta-feira dia 30 às 10 da manhã e eu perguntei várias vezes se a hora era essa ou se estavam a gozar connosco.
ddV - Já está definido o que vai ser a Fundação de 2007/2008? O profissionalismo é mesmo para acabar?
JA - Nunca disse que o profissionalismo era para acabar. O que disse é que ia baixar o orçamento sem deixar de ter uma equipa profissional, porque, além de nunca termos retorno financeiro, é uma forma de acreditar ou não na modalidade. Não sei se são as desilusões que tenho tido que fazem com que veja o futsal actual e o futuro de maneira diferente. Mesmo assim, acho que é altura de os clubes e a FPF se juntarem e falarem sobre o futuro o mais rápido possível. Espero que não seja tarde. Não podem ser reuniões dividida em Norte e Sul porque a modalidade não pode ter debatida desta forma. Precisamos todos de olhar olhos nos olhos e por em cima da mesa as nossas questões.
ddV - Alguns clubes contestaram o patrocínio da Sagres ao Benfica e Sporting. Tem medo de que haja coincidências para favorecer estes dois clubes?
JA - Não é uma questão de medo mas sim de constatação de factos. Basta ver o patrocínio nas camisolas dos dois clubes e o número de transmissões. Já tive oportunidade de dizer que esse processo foi muito mal conduzido, porque não acredito em coincidências e espero que a FPF não esteja metida também nisso. Sobre as transmissões, o próprio Belenenses devia ter outra atenção pelo mérito de estar até a última jornada em 1º classificado (o mesmo aconteceu connosco na época passada). Não tenho problema em dizer que marquei uma reunião com a FPF a pedir ajuda em termos de patrocínios, porque estamos e temos muitas dificuldades em arranjar patrocinadores, apesar de ter consciência do peso da camisola do Benfica e do Sporting.