Dez anos após a criação do concelho de Vizela, o digital de Vizela (ddV) quis saber junto do Presidente da Câmara que balanço faz do que está para trás, como define o presente e o que deseja para o futuro.
DIGITAL DE VIZELA - Que balanço faz destes dez anos de municipalismo?
FRANCISCO FERREIRA - Faço um balanço muito positivo. Eu diria mesmo, que atingimos patamares de infra-estruturas que os municípios vizinhos não têm, como infra-estruturas escolares e redes públicas de abastecimento de água e saneamento.
ddV - Que investimentos operados no Concelho destaca?
FF - Destaco o seguinte:
- investimento no ensino pré-escolar;
- .requalificação das escolas do 1.º ciclo;
- construção da circular urbana;
- construção do mercado municipal;
- requalificação urbana;
- aquisição do “Castelo”;
- devolução do Parque das Termas aos vizelenses com condições de qualidade para o lazer.
ddV - O que não fez e gostaria de ter feito?
FF - Muita coisa, mas como comummente se diz “o dinheiro não esticou”. Se tivéssemos mais verbas teríamos feito já a via marginal ao Rio Vizela, praia fluvial, piscinas municipais, auditório, biblioteca e teríamos concluído o edifício-sede da Câmara Municipal de Vizela.
ddV - Como estaria hoje Vizela se não fosse elevada a Concelho?
FF - Esta pergunta é muito ambígua. Teriam os municípios anteriormente com autoridade administrativa no concelho de Vizela investido mais? Ou teriam investido muito menos? Na minha opinião teriam investido menos, mas a resposta certa é que tivemos o que merecemos – o concelho – e fizemos o que nos foi possível com o dinheiro que é nosso.
ddV - Sente satisfação das sete freguesias que compõe o novo concelho?
FF - Sim, em todas as freguesias. Em freguesias que tinham grande importância no anterior concelho, como é o caso de Santa Eulália, não existiam sequer zonas urbanas dignas. Naquela freguesia existem hoje bons exemplos de evolução positiva, como a zona do adro da igreja, a Rua do Lamarão até à igreja paroquial, os arranjos do cemitério e mais recentemente a abertura de uma nova rua que permitirá o acesso, por exemplo, ao futuro Complexo Social Alargado – Casal do Telhado.
ddV - Que obras gostaria de fazer brevemente?
FF - Piscinas municipais e pavilhão gimno-desportivo na Quinta do Poço Quente; biblioteca, auditório e museu, no “Castelo”, via marginal ao Rio Vizela, praia fluvial na Cascalheira e conclusão do edifício-sede.
ddV - Que futuro preconiza para o Município?
FF - Desenvolvimento urbanístico de infra-estruturas e equipamentos penso que vamos ter um bom futuro e que no fim vai dar maior qualidade de vida aos vizelenses. Economicamente o futuro é incerto pois depende da evolução da industria têxtil e implantação de novas industrias no concelho. ddV
---------------------------------------------------
RELEMBRE O DISCURSO DO PRESIDENTE DA CAMARA MUNICIPAL DE VIZELA NO DIA 19 DE MARÇO 2008, 10º ANIVERSÁRIO DO CONCELHO.
Durante séculos, muitas gerações de vizelenses lutaram pela emancipação administrativa da nossa terra. Uma luta que só terminou no dia 19 de Março de 1998, quando a Assembleia da República disse “Sim” a Vizela e criou o nosso Concelho.
Hoje, 19 de Março de 2008, é dia de comemorar o décimo aniversário do Município, e de prestar uma homenagem sentida a todos aqueles que directa ou indirectamente, contribuíram para a criação do nosso concelho de Vizela: o povo anónimo. È altura de também lembrar os que lutando por Vizela não chegaram a comemorar a vitória de 19 de Março de 1998 ou não ficaram entre nós, para ver o muito que valeu, sermos concelho.
Para este dia de festa, todos vizelenses e todos os amigos de Vizela foram convidados.
Muitos estão nesta sala connosco a partilhar a alegria do nosso aniversário, outros não puderam deslocar-se à cidade que ajudaram a nascer. Mas, para todos, sem excepção, vai o meu muito obrigado.
Minhas senhoras e meus senhores
Dez anos depois, quis a Câmara Municipal que a comemoração do aniversário do Município não se resumisse a uma sessão solene ou a um concerto musical. Quisemos que o aniversário ressuscitasse a alegria e a emoção do 19 de Março de 1998. É, pois com emoção que assisto à adesão dos vizelenses ao apelo do Município, mostrando ao país que somos um povo unido, orgulhoso de si, e da sua luta.
Ao celebrarmos o Dia do Município, o dia em que ganhámos o direito de administrar o espaço onde vivemos e trabalhamos, é dia de festejarmos o nosso Concelho. Devemos, por isso, e em primeiro lugar, aproveitar esta oportunidade para nos regozijarmos pela nossa existência e por tudo o que ao longo de apenas 10 anos já conseguimos fazer pela nossa terra.
A 19 de Março de 1998, os fundadores e promotores do nosso concelho, com perseverança, ambição e coragem, assinalaram a história de Vizela. E idealizaram um futuro em que todas as carências da nossa terra fossem supridas. Esse futuro, não é ainda o nosso presente, porque em 1998 tudo estava por desenvolver.
Os críticos de sempre dizem que há ainda muito a fazer.
Pois há!
E nós sabemo-lo bem.
Mas, como disse Descartes: “Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis”.
Na verdade, em menos de uma década, as sete freguesias que compõem o concelho de Vizela, mudaram profundamente para melhor. É nesta mudança, para melhor, que continuamos empenhados.
Nós temos orgulho do que já fizemos e nos resultados obtidos. Aliás, não sou só eu que o digo. Muitos vizelenses o dizem, como o fez recentemente Manuel Campelos, que num jornal local escrevia assim: “Vizela e toda a área concelhia conheceu nestes dez anos um desenvolvimento nos vários domínios, até então nunca visto, podendo dizer-se, sem exagero, que se transfigurou”.
Como é natural, não nos têm faltado, nem nos faltarão, contrariedades e dificuldades na concretização do modelo de desenvolvimento que queremos para o concelho de Vizela. Mas o que está à vista, felizmente, é que também não nos tem faltado vontade e capacidade, para superar e vencer essas dificuldades.
E as vitórias estão à vista de todos!
Melhoramos as acessibilidades existentes e criamos novas vias.
A circular urbana e a via paralela à Estrada Nacional 106, ainda que inacabados, são os exemplos mais paradigmáticos da revolução feita ao nível das acessibilidades, porquanto permitiram uma maior mobilidade na cidade, descongestionando o trânsito e facilitando o tráfego de e para Guimarães, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira e Santo Tirso.
Vizela é hoje mais atractiva, graças à requalificação das suas ruas mais emblemáticas, e à criação de novas centralidades, de que destaco a Praça do Município.
A requalificação de ruas e dos centros cívicos, não se ficou apenas pela sede do concelho. Também as outras freguesias viram o seu território requalificado. Os largos do cruzeiro de Santa Eulália e de Infias, assim como o Largo Gondivai em Santo Adrião, são a prova do que digo.
Ainda nas freguesias, intervimos nos cemitérios; colaboramos na renovação de igrejas, capelas e respectivas áreas envolventes.
E por falar em lugares sagrados, é imperioso referir-me à requalificação do Santuário do São Bento das Peras, que se traduz num modelo de intervenção multidimensional, por aliar a requalificação urbanística à promoção cultural, turística e ambiental.
Aliás, pegando na área do ambiente, orgulho-me de fazer parte de um executivo que colocou este sector no centro das suas preocupações. Como disse anteriormente, bem sei que ainda há muito a fazer. Mas muito já foi feito!
Para além do apoio cabal à requalificação do monte e santuário de S. Bento, devolvemos aos vizelenses aquele que um dia foi considerado o ex-libris de Vizela: o Parque das Termas.
Depois de décadas abandonado, vandalizado, descaracterizado e com entrada condicionada a pagamento, o Parque das Termas foi restituído aos vizelenses.
As imponentes árvores e os canteiros de flores, os percursos que convidam ao deleite e o moderno salão de chá, fielmente reconstruído segundo o original, compõem o nosso parque natural.
À paisagem que convida vizelenses e forasteiros a momentos de lazer e convívio, juntam-se as principais actividades de animação da cidade.
A intervenção neste espaço não está acabada. Mas muito já foi feito!
Foram feitas, também, as redes públicas de abastecimento de água e saneamento, permitindo-nos atingir as metas da União Europeia.
Foram feitas campanhas de sensibilização ambiental.
Foram criadas zonas ajardinadas nas sete freguesias, de que destaco a do Souto da Cruz em Tagile, que está pronta a ser inaugurada.
Proliferaram-se os ecopontos e faz-se uma eficaz organização da recolha de resíduos sólidos urbanos.
Num plano estratégico de desenvolvimento, têm tanta importância as pequenas realizações como as grandes obras, a face visível e a não visível, de tudo o que fazemos, pois tudo deve estar sustentado numa visão integrada e global da preparação do futuro.
Daí que, quero-vos dizer, que continuaremos a lutar para que nenhum vizelense deixe de ter acesso aos mais elementares cuidados de subsistência e assistência, porque é aí que se defende o futuro.
Continuaremos, a lutar para que os idosos tenham uma vida condigna, porque é ai que se honra o futuro.
A construção do Complexo de Apoio Social Alargado – Casal do Telhado, em Santa Eulália, que daqui a pouco será objecto da cerimónia de lançamento da sua primeira pedra e motivo principal da honrosa presença do Senhor Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, prova bem o que digo.
Este equipamento vem responder às carências da população idosa e das crianças até aos três anos de idade, sentidas na segunda mais populosa freguesia do concelho.
Fruto de uma parceria entre o Estado, a autarquia e a sociedade civil, esta obra é o exemplo do caminho a seguir, no longo percurso de dotar a comunidades de todos os equipamentos necessários ao seu desenvolvimento sustentado.
Aos parceiros envolvidos o meu muito obrigado.
Na área social muito mais se fez.
Temos acções integradas de apoio aos idosos, que vão desde a actividade física regular aos passeios e convívios intergeracionais.
Temos um gabinete de apoio psicológico dinâmico. Uma Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Vizela incansável e à qual a Câmara Municipal disponibiliza três técnicas que dedicam noventa por cento do seu tempo de trabalho à comissão.
Construímos 18 fogos de habitação social; dinamizamos a Rede Social. Gerimos os projectos Aprender para crescer. Crescer para aprender, para integração de crianças oriundas de contextos familiares disfuncionais e suas famílias, e o Trajectos, projecto de combate ao abandono e insucesso escolares. Ambos decorrentes de programas da administração central do Estado.
Apoiamos as 1.377 pessoas do concelho de Vizela, que neste momento, não têm emprego. Vizela tem uma taxa de desemprego o dobro da média nacional, o que trava o desenvolvimento sustentado de qualquer localidade.
A Educação é a base estratégica de desenvolvimento que queremos para Vizela. É nela que tudo começa, é nela que se inicia a construção do futuro.
Criamos, por isso, estabelecimentos de ensino qualificados, cobrindo todas as necessidades ao nível do pré-escolar; remodelamos e requalificamos as escolas do 1.º Ciclo, e colaboramos na construção da EB 2,3/S de Infias, que veio por fim à sobrelotação das outras escolas do concelho onde aqueles níveis de ensino são leccionados.
Temos uma Carta Educativa realista e sistematizada.
Assumimo-nos como parte integrante da sociedade da informação, proporcionando o acesso à Internet e às novas tecnologias da informação em todas as escolas e jardins-de-infância, cuja gestão pertence ao Município.
Para todos os outros munícipes, disponibilizamos um Espaço Internet amplo e onde os mais velhos são acolhidos num programa próprio de uso das TIC.
Nós próprios, Câmara Municipal, estamos na vanguarda do uso das novas tecnologias, simplificando procedimentos, informatizando serviços, e colocando-os ao dispor dos utilizadores de Internet. Faço aqui um parênteses para dizer que em Abril apresentaremos o novo site da Câmara Municipal de Vizela onde esses serviços on-line estarão disponibilizados.
No desporto, há muitos exemplos de investimento feito. Mas, não os vou maçar com a sua enumeração exaustiva. Apenas recordo a proliferação dos recintos desportivos por todo o concelho, possibilitando a pratica desportiva assídua e sem custos para todos; o incremento do desporto nas escolas do 1.º ciclo e no pré-escolar; a organização de actividades associadas ao lazer e tempos livres e o apoio às colectividades desportivas, recreativas e culturais.
Fomos, ainda, parte fundamental na criação do novo Centro de Saúde de Vizela e, ainda na área da saúde, apoiamos a Santa Casa da Misericórdia no seu projecto de criação de Hospital de Cuidados Continuados.
Porque investir na cultura é investir nas pessoas, a Câmara Municipal de Vizela tem apostado na dinamização cultural e turística do concelho, através da realização das feiras de artesanato e do açúcar; feira do livro; mostra de artesanato local; visitas guiadas; dinamização da biblioteca municipal com acções do Plano Nacional de Leitura e na adesão a fóruns nacionais e regionais de promoção dos sectores.
Desde as mais pequenas e sem visibilidade, até àquelas que marcam a nossa gestão, a Câmara Municipal de Vizela orgulha-se de contribuir em iniciativas cujo objectivo é perpetuar a nossa história comum.
Falo-vos, por exemplo, da edição de livros, como o que hoje lhes damos a conhecer. Trata-se, neste caso, do mais recente trabalho de Manuel Campelos, cidadão honorário de Vizela, que compilou na cronologia “Vizela Rumo à Vitória”, os acontecimentos mais significativos da luta pela criação do concelho de Vizela.
Falo-vos também da aquisição do “Castelo”.
Hoje, aqui, nesta cerimónia, assinamos o contrato promessa de compra e venda do emblemático edifício “Castelo”, símbolo da luta autonómica de Vizela.
Este edifício, não será os Paços do Concelho, como Armindo Ribeiro de Faria idealizou, mas fará certamente jus à vontade do seu mentor, honrando as gentes de Vizela, que lá vão ver implementada a Biblioteca Municipal, um auditório e um Museu.
Acreditem, Vizela saberá fazer honrar as aspirações de quem o criou e os vizelenses que para ele sempre olharam como imagem da nossa autonomia administrativa.
Vizelenses,
Por tudo isto vale a pena comemorar!
Vale a pena comemorar a criação do concelho e Vizela!
Vale a pena comemorar a evolução de Vizela!
Minhas senhoras e meus senhores
Agora o futuro!
O concelho de Vizela mudou de forma rápida e garanto-lhes que não vai abandonar o ritmo que o caracterizou.
Estamos atentos. Temos a humildade de reconhecer o que nos falta e por isso estamos a trabalhar.
Falta-nos um pavilhão gimno-desportivo condigno para a prática desportiva, desde as actividades do desporto escolar às modalidades federados, possibilitando, nomeadamente, a transmissão televisiva de eventos desportivos.
Falta-nos também uma ligação eficaz ao sublanço da A11.
Falta-nos implementar a área de acolhimento empresarial.
Com um forte dinamismo demográfico, falta a Vizela uma Casa da Juventude, que, como sabem, já tem um edifício destinado para o efeito.
Falta-nos igualmente concluir o Edifício - Sede do concelho.
Falta-nos ainda, o complexo social da AIREV, associação que presta um fulcral apoio aos adultos deficientes do concelho de Vizela e de freguesias limítrofes. Um Centro de Actividades Ocupacionais, um Lar Residencial, e a sua sede social, é o que precisa a AIREV.
Vizela tem múltiplas potencialidades a explorar.
O Rio que dá o nome e atravessa a nossa cidade, foi há muitos anos atrás utilizado como ponto de encontro para momentos de lazer, desporto e recreio. Porém, com o desenvolvimento industrial, o Rio foi utilizado como depósito de resíduos, tendo a poluição do mesmo reflexos ainda nos dias de hoje. À poluição aliaram-se o encerramento de empresas e degradação dos seus edifícios, localizados na zona ribeirinha do Rio Vizela.
Agora, com a implementação do Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave (SIDVA), aliado à requalificação do Parque das Termas e à construção de equipamentos na margem esquerda do Rio, temos a oportunidade de revitalizar toda aquela área, aliando a reorganização urbanística à requalificação ambiental.
Uma via marginal, espaços desportivos, ciclovia e praia fluvial, são algumas intervenções projectadas.
Outra potencialidade a que não podemos ficar alheios é a água termal.
Possuidora de água com temperaturas que variam entre os 15ºC e os 65ºC, Vizela dispõem, desde logo da potencialidade de fazer o aproveitamento geotérmico, numa lógica de protecção ambiental, através da utilização de energias limpas, e de gestão económica eficiente dos seus recursos naturais, nomeadamente com o aquecimento por geotermia do complexo de Piscinas Municipais e de outros equipamentos públicos.
Mas, como sabemos, esta potencialidade não está a ser aproveitada. Para além da degradação do balneário termal, a administração da Companhia dos Banhos de Vizela não tem sabido gerir um recurso que é de todos os vizelenses e símbolo da nossa identidade: a água termal.
Por ser aquilo que nos diferencia dos outros concelhos e por ser um sector em franco crescimento, a Câmara Municipal de Vizela não vai ficar indiferente à degradação daquele património, assim como não ficamos em relação à degradação do Parque das Termas, também ele, recordo, propriedade da Companhia dos Banhos de Vizela.
Há muito caminho a percorrer para que todos os nossos objectivos sejam cumpridos.
A estagnação económica do país, a que a administração autárquica é alheia, impõe barreiras ao desenvolvimento de Vizela à escala que todos desejamos. Mas os vizelenses, que souberam no passado mostrar a sua qualidade perante as adversidades, saberão certamente ultrapassar os obstáculos do presente.
A minha palavra final é, por isso, uma palavra de esperança.
Uma esperança alicerçada na ambição de continuar a construir Vizela porque, como dizia a poetisa Sophia de Melo Breyner, “não há força maior que a daqueles que estão unidos por uma esperança comum”.
E, unidos, os vizelenses fizeram o seu concelho.
Unidos, os vizelenses saberão fazer o seu futuro.
Viva Vizela«.