A Assembleia da República aprovou, na generalidade, os três projectos de lei do PCP, PP e PS visando a criação do concelho de Vizela. Os diplomas acolheram os votos favoráveis de comunistas, populares e verdes e da quase totalidade dos deputados socialistas. O PSD votou contra.
Foi um momento que se constitui, sobretudo, num acto de justiça para com o povo de Vizela. "Vencidos os bloqueios, traições e falsas promessas com que durante todos estes anos foi sendo enganada a aspiração de Vizela de ser concelho", como assinalou o deputado comunista João Amaral, aludindo ao comportamento do PS, PSD e CDS, do que se trata agora, com a aprovação do novo município, é de "dar resposta aos problemas concretos das populações".
E a convicção da bancada comunista, que apresentou o seu primeiro projecto de criação de Vizela há 15 anos, é que esse caminho será trilhado, razão pela qual, no entender de João Amaral, existem motivos para que não sejam apenas os vizelenses a estarem de parabéns, mas sim toda área onde se insere o novo município, incluíndo os municípios de onde emerge.
"É toda uma área que assim fica mais forte, com uma melhor estrutura de Poder Local no seu conjunto, por isso mais apta a dar satisfação às aspirações de toda a população respectiva", sustentou, antes de fazer notar que, "votando Vizela, estamos a robustecer a democracia e a vivê-la; estamos a reconhecer, como diz a canção, que é o povo quem mais ordena; estamos a reconhecer que a democracia representativa tem de saber compreender e interpretar a vontade popular".
Sublinhando que o poder local é um "instrumento fundamental de democracia na organização do Estado e de resposta aos problemas dos cidadãos", reiterada por João Amaral foi ainda a confiança de que com a criação do município de Vizela, com os órgãos autárquicos que serão eleitos nas próximas eleições, "o Poder Local fica mais forte e as populações abrangidas vão sentir-se representadas da forma que desejam".
«Avante!» Nº 1269 - 26.Março.98
Onze de Maio uma data da luta de Vizela
Deu-se a grande "invasão" de vizelenses a Lisboa para assistirem ao debate da elevação de Vizela a concelho. Cerca de 50 autocarros transportaram milhares de pessoas que coloriram a capital de azul-amarelo.
No rossio, os vizelenses José Manuel Marques, Silvino Teixeira e Gaspar Barbosa encetavam uma greve de fome.
O projecto de Vizela seria chumbado por uma diferença de 11 votos o que veio a acentuar a revolta dos vizelenses e a aumentar a luta de rua.