É URGENTE MUDAR
(18/11/09mmm


Os portugueses andam deprimidos e incrédulos.
Nunca se viram tantas pessoas assustadas com o presente e o futuro, no entanto nunca houve tantos apoios como hoje.

Cada vez temos mais motivos para admirar os nossos pais que criavam “bandos” de filhos em minúsculas habitações de colchões de palha sem apoios de espécie alguma e sem darem um único lamento por sombra. Cantavam para adormecer os filhos e cantavam nos “coradouros” dos rios onde punham roupa a corar, roupa lavada no meio da corrente de água fria e batida nas pedras gastas.

Para os nossos pais representava mais uma excursão a Fátima ou à Póvoa de Varzim pela estrada nacional de terra poeirenta do que hoje para nós um voo à República Dominicana em primeira classe. Eles iam em excursões de alegria, rezando na ida e cantando na vinda. Hoje quem faz assim uma viagem?

Naquele tempo havia um segredo para as pessoas serem verdadeiramente felizes: valorizavam o pouco. Quem valoriza o pouco tem sempre muito; quem quer muito tem sempre pouco. É isto que torna as pessoas insatisfeitas e taciturnas. Nunca t~em tudo aquilo que querem.

Naqueles tempos uma sardinha dividida por três tinha muito mais sabor que hoje uma travessa delas. E no fim de cada pseudo-refeição, cada um abandonava a desprovida mesa a cantarolar.

Ir ao cinema ver um filme por mês tinha mais sabor do que tudo aquilo que todos os canais da TV Cabo podem proporcionar. E se a música do filme ajudava, cantava-se baixinho e batia-se o tacão no soalho desde que o homem da pilha (lanterna) não se incomodasse.

O mundo nunca apresentou pessoas tão abastadas como hoje e no entanto tão carentes de tudo sobretudo de factores vitais na vida de qualquer um: a alegria e a esperança.

Dá-me a entender que és este espírito fatalista que faz os vizelenses caírem na tentação de desperdiçarem parte do seu valioso tempo a carpir mágoas de pé de chumbo tipo: «isto está mau; não vale a pena fazer nada; é melhor calar; os próximos tempos serão piores; não saímos disto…», etc. e tal.

Temos de pensar que o futuro só pode ser mais risonho que o passado.
Temos de acreditar que o futuro de Vizela não pertence apenas aos políticos (e a sua acção é extremamente importante) mas a todos nós.
É urgente dotarmos a nossa vida do optimismo que sempre patenteou a dos nossos pais e que fez deles seres muito mais alegres do que nós, apesar das suas dificuldades serem absolutamente incomparáveis às que hoje atravessamos.
Ao pé deles somos todos uns lamechas!
É urgente mudar.



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MEMÓRIA VIZELENSE
(14/11/09mmm)

O estádio do Futebol Clube de Vizela completou na quinta-feira 20 anos de história. A rubrica do ddV “DATAS DAS HISTÓRIA” dava conta no dia 12 de Novembro desta efeméride. Fora o resto a data passou despercebida como tantas datas que poderiam ter uma simbologia distinta como por exemplo os 70 anos do Futebol Clube de Vizela completados em Janeiro passado; os Cem anos do Parque das Termas; os Cem anos da chegada do primeiro comboio a Vizela, etc. etc.

Para alguns este tipo de efemérides nada dizem e estão no seu pleno direito de as passarem à frente no calendário, para outros é sempre uma oportunidade para chamar a atenção, para mostrar que está viva, para relembrar ligeiramente ou tão só informar.
E foi nesse sentido que durante muitas horas a fio andei e ando à procura de datas alusivas a Vizela que pudessem figurar na rubrica que diariamente (ou quase diariamente, depende de haver ou não datas simbólicas), o ddV publica.

Os 20 anos do Estádio do Futebol Clube de Vizela (ou os 70 anos deste Clube fundado em 1/1/1939) podia ser mote para algumas iniciativas logo a começar por uma homenagem ao ex-presidente Fernando da Costa Vieira (reparem como as letras iniciais do seu nome – FCV - são iguais às iniciais do nome do Futebol Clube de Vizela), homem que guindou o Vizela pela primeira (e única) vez ao patamar mais alto do futebol português e teve ainda a bondade de oferecer os terrenos onde hoje está construído o estádio e o restante complexo desportivo.

Simultaneamente seriam homenageados nessa dedicação a Fernando da Costa Vieira, as muitas centenas de atletas que de 1989 para cá pisaram aquele relvado (ainda é o mesmo) e dezenas de briosos directores que passaram pelo Clube incluindo os actuais.

Presumo que esta seria também a altura de nomear o Estádio. Alguém sabe em concreto como se chama? Estaremos a dizer ou a escrever o nome do Estádio quando referimos «jogo no Estádio do Futebol Clube de Vizela» ou estamos a dizer e a escrever apenas de quem é o Estádio?

Trabalhei durante vários anos como correspondente de o O Jogo, o JN, a Gazeta dos Desportos e sei bem da confusão que sempre dava quando alguém do outro lado recebia a chamada telefónica para o gravador. Vinha sempre uma dúvida repetida: «Como se chama o estádio?».

Justamente, o nome dos dirigentes que na altura da construção do estádio comandavam o Futebol Clube de Vizela está gravado a alto relevo numa lápide (escondida) no corredor de acesso aos balneários longe do cidadão comum que não tem acesso àquela área. No mesmo espaço está situada a sala Sérgio Capela em memória a este ex-dirigente para muitos o maior que o Vizela teve. Tenho muitas saudades de Sérgio Capela. Chorei imenso no seu funeral. Quando fomos a Braga manifestarmos à porta do Governo Civil pela criação do Concelho fui com ele no seu carro. Justamente a Junta de Freguesia de S. João chamou à toponímia o seu nome. A rua Sérgio Capela em S. João tem o nome de quem nela viveu e tanto deu ao Futebol Clube de Vizela.

Nestes 20 anos, o FCV conseguiu o grande feito de subir aos campeonatos profissionais da II Liga. Esta foi a principal proeza conquistada naquele reduto. É verdade que neste período também desceu uma vez à IIB mas aí tratou-se de um processo nebuloso que por diversas vezes aqui esmiuçamos.

Por estas alturas atravessamos uma fase em que se discute à boca calada a transferência da propriedade do Estádio para a alçada da Câmara Municipal. Nada em concreto para já, mas também não fora de hipótese.
Um tema que irá com certeza merecer reflexão porque o FCV não pode acabar.

Da inauguração do Estádio gostaria de salientar a prestimosa e amável atenção dispensada por um Clube na altura da alta-roda europeia e militante na I Divisão (hoje caído em desgraça). Trata-se do Boavista Futebol Clube que, contrariamente a outros clubes convidados, não foi capaz de dizer que não ao FC Vizela tendo-se apresentado com a sua equipa principal em acontecimento tão importante para os vizelenses.
Aqui há a salientar a amável atenção do major Valentim Loureiro (actual presidente da Câmara M. de Gondomar) que à data era presidente do Boavista.

O ministro social-democrata Valente de Oliveira inaugurou esta obra e o quartel dos Bombeiros praticamente em simultâneo enquanto o ministro Dias Loureiro, do mesmo Governo, inaugurou pela mesma ocasião o quartel da GNR de Vizela e Silva Peneda as novas infra-estruturas da Santa Casa da Misericórdia de Vizela. O mesmo PSD que na Assembleia da República dizia não com uma mão ao concelho de Vizela dava obras com a outra mão.
O dia da inauguração do Estádio do Futebol Clube de Vizela foi de chuva torrencial.
Boda molhada, boda abençoada - diz o povo.
Assim seja por muitos anos: Um Estádio abençoado.



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