Local onde se deu a queda do pescador |
O corpo do homem foi encontrado submerso pelos homens do AMAS (Associação de Mergulho e Atividades Subaquáticas de Vizela)e pelos bombeiros, preso nuns ramos de árvore junto à margem do rio próximo à fábrica de Colchas S. Domingos em Vilar-Vizela.
Paulo Oliveira, que comandou as operações no terreno, referiu que nas primeiras passagens não conseguiram detetar o corpo pois o caudal de água naquele local tinha cerca de dois metros de profundidade. Mesmo assim, apesar do caudal do rio ter baixado de ontem para hoje, o corpo estava submerso. A força das águas arrancou o colete do pescador e uma camisola que usava por cima da t'shirt com que foi encontrado. Tinha o telemóvel no bolso das calças.
A forte corrente impediu os bombeiros mergulhadores de irem às profundezas do rio Vizela, tendo as buscas sido realizadas desde as margens com batedores e cães. Foram utilizados alguns botes presos das margens.
RAMOS PRENDERAM CORPO
O corpo foi encontrada a cerca de 500 metros do local (Rua do Rio Vizela a 50 metros da ponte romana) onde o homem caiu à água.
Regra geral os pescadores não utilizam coletes salva-vidas e ao menor desequilíbrio podem cair ao rio que nesta altura do ano apresenta sempre grandes correntes. «Estando vestidos a roupa é um dos grandes obstáculos para saírem da água pois dificulta que nadem e acrescenta mais peso ao corpo» - revelou o comandante dos bombeiros.
O pai do pescador (um antigo motorista da presidente da Câmara de Felgueiras, Fátima Felgueiras) e um irmão, para além de outros familiares, estiveram de forma continua na margem do rio Vizela desde o desaparecimento do seu familiar até à tarde de hoje. Receberam apoio psicológico.
O leito do rio Vizela é muito irregular, havendo espaços onde a profundidade pode chegar aos 3 metros e noutros locais não atingir o meio metro. Era o caso de um banco de areia que estava a cerca de dois metros do local onde Paulo Pinto foi encontrado e cujo nível das águas era bastante baixo ao ponto de não cobrir uma criança.
A Polícia Judiciária e a Delegada de Saúde estiveram no local tendo o corpo sido removido para Guimarães por volta das 18 horas.
Paulo Oliveira disse ao ddV que as buscas poderiam estender-se por mais dez dias caso não surgisse este desfecho da tarde de hoje.
RIO VIZELA REGISTA POUCAS MORTES
Mortes por afogamento no rio Vizela não são muitos habituais. Passam-se anos em que não se regista qualquer vítima de um rio cuja extensão é de cerca de 40 km, desde Fafe até Caniços-Santo Tirso, onde desagua no rio Ave.
As duas mortes mais recentes - desde a Ponte Nova para jusante - deveram-se a suicídios de dois jovens que em datas diferentes se lançaram para a água. O corpo duma jovem, que se lançou ao rio há mais de dez anos, foi encontrado a pouca distância do local onde hoje foi descoberto o corpo de Paulo Pinto.
DUAS IRMÃS
Na história do rio Vizela ficou também uma morte registada nos anos 70 de um cidadão que caiu ao rio em Tagilde e cujo corpo foi encontrado vários dias depois em Vizela arrastado pela cheia a cerca de 6 km.
A maior tragédia do rio Vizela de que há memória ocorreu há mais de 50 anos e envolveu a família de Francisco Marques (avô paterno de Manuel Marques da Rádio Vizela), quando duas filhas deste antigo soldado da GNR, com cerca de dez anos de idade cada uma, morreram abraçadas num remoínho ("corropio") numa zona conhecida por rio Marinho (a 100 metros do local onde caiu Paulo Pinto). As duas crianças brincavam na água. A traição do rio roubou-lhes a vida.
O vizelense Alfredo Pinto (Saleira) recorda frequentemente esta tragédia pois foi o homem corajoso que mergulhou no mortífero local para retirar os corpos das duas irmãs.